Meu anjo lindo
De olhos tentadores
Seus olhos tão belos, tão puros,
Estrelas incertas, que as águas dormentes
Do mar vão ferir;
Têm meiga expressão,
Mais doce que a brisa
Mais leve que a noite cantando
Quebrando a solidão,
São meigos infantes, gentis, engraçados
Brincando a sorrir.
Inquietos, travessos; - causando tormento,
Com beijos me paga a dor de um momento,
Com modo gentil.
Seus olhos tão vivos, tão belos, tão puros,
Assim é que são;
Às vezes luzindo, serenos, tranqüilos,
Às vezes vulcão!
Às vezes, oh! sim, derramam tão fraco,
Um pequeno brilhar,
Que a mim me parece que o ar lhes falece,
E os olhos tão meigos, que o pranto umedece
Me fazem chorar.
Assim lindo infante, que dorme tranqüilo,
Desperta a chorar;
E mudo e sisudo, cismando mil coisas,
Não pensa - a pensar.
Nas almas tão puras
Às vezes do céu
Cai doce harmonia duma Harpa celeste,
Um vago desejo; e a mente se veste
De pranto com um véu.
Seus olhos que exprimem tão doce harmonia,
Que me abalam quando os vejo
Eu amo esses olhos que falam de amores
Com tanto desejo.
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